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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

IDEAIS


Os ideais de um homem
são eternos
ultrapassam os limites
e proliferam
em outras mentes
que esperam
os momentos seguintes.
Não se dispersam!
Barreiras rompem
no forte credo
em sua lida
batalhas vencem
no veio certo
buscando a justiça.

Ninféia G 

BRUNO MARANHÃO NA MARCHA PARA A SAÚDE NO SÉCULO 21


Saudações Vermelhas Amigos, Companheiros e Camaradas!
 Mensagem enviada por Teca Norati ao Grupo REDELIBERDADE e reenviada a vocês.Claudio Roberto A. Bastos - crabastosCEBRAPAZ-PR 

Marcelo Mário de Melo
Bruno Maranhão agora
enfrenta nova batalha
no terreno da saúde
que não é nenhuma tralha.
E o burro pra levar carga
tem de botar a cangalha.
Antes de cair doente
ele foi pra caravana
marcha por reforma agrária
pra quem trabalha na cana
ou vive na agricultura
de feijão milho ou banana.
Não adianta chorar
pelo leite derramado
se seria diferente
se tivesse se cuidado
o que foi que não deu certo
por que foi que deu errado.
Vamos olhar para a frente
e esticar as canelas
avançar no tratamento
para enfrentar as seqüelas
dar as mãos cumprir a pauta
abrir portas e janelas.
O vinho posto na água
não se pode separar
mas com o último alento
se pode recomeçar:
quem diz é Bertolde Bretch
para nos orientar.
Este é a linha geral
de Bruno e de todos nós
caminhando de mãos dadas
porque não estamos sós
batendo e virando pregos
varrendo e espanando pós.
Vamos fazer a ciranda
torcer e colaborar
ajudar como pudermos
nesse novo patamar
para Bruno entrar na briga
insistir e triunfar.
 Suzana Mário Alexandra
D. Gisela os irmãos
primos netos e sobrinhos
somos sementes e grãos
amigos e companheiros
todos estendendo as mãos.
Entramos em luta séria
que não da vez a bravata
pede aprumo e persistência
como quem anda na mata
tomando todos cuidados
pra seguir a trilha exata.
Mas Bruno foi bom de briga
enfrentando a ditadura
e se desbravar caminhos
foi a sua lavratura
ele foi é será
nesta nova conjuntura.
O tratamento de Bruno
é coisa dele e da gente.
Se ele bota a cabeça
a gente vai com o pente
se ele olha de lado
vê alguém sempre presente.
Estamos todos ligados
com amizade e fervor
numa ciranda de afeto
para plantar uma flor
no mal-me-quer/bem-me-quer
enfrentando dano e dor.
Bruno flor vai florescer
Rimando luz e energia
Um dia dando um passo
No outro alargando o espaço
Ousando com valentia.





[REDELIBERDADE] Enc: cordel do Marcelo sobre o Bruno e a Marcha        Companheiros,
Bruno Maranhão, fundador do Partido dos Trabalhadores e Dirigente do MLST,( que nesse momento realiza a Marcha Pela Reforma Agrária do Século 21), está na sua dura batalha pela vida.
Sofreu um AVC, estando hospitalizado em Recife.
Marcelo Mario de Melo, também fundador do PT, ex preso político e poeta pernambucano, faz uma homenagem justa e emocionada ao aguerrido combatente.
Torcendo intensamente pela recuperação do companheiro, comunico aos de luta.
Saudações
Teca Notari

ARTE CAMISETA


PROPOSTA DE ARTE DE CAMISETA-02


Quanto vale a vida...Morte custa até R$ 80 mil

MANCHETE DO JORNAL AMAZONIA, EM BELÉM DO PARÁ


Líder ambientalista tem cabeça a prêmio

O Ministério Público Federal acionou a Polícia Federal para investigar ameaças de morte a líderes ambientalistas que atuam no sudeste do Pará. Segundo o procurador Cláudio Terre do Amaral, madeireiros, pistoleiros e grileiros oferecem R$ 80 mil pela morte de militantes extrativistas. Raimundo Belmiro é o próximo alvo
Morte custa até R$ 80 mil

Edição de 31/08/2011


Execução de ambientalistas tem preço no Pará, diz MPF; procurador pede proteção para parentes de vítimas

O Procurador Cláudio Terre do Amaral, do Ministério Público Federal (MPF) do Pará, encaminhou, ontem, ofícios para a Polícia Federal (PF) e às autoridades se segurança pública do Estado cobrando rigor nas investigações sobre ameaças de morte e assassinatos cometidos contra ambientalistas, agricultores, extrativistas e sindicalistas que atuam em proteção ao meio ambiente. Segundo Amaral, madeireiros da região estariam oferecendo R$ 80 mil pela morte dessas pessoas.

O MPF pediu, também, medidas de proteção para familiares do casal de extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo, que foram mortos em uma emboscada em maio deste ano, no assentamento Praialta Piranheira, em Nova Ipixuna (PA).

Segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), em Marabá (PA), após a morte do casal, outras quatro pessoas foram mortas nas cidades de Eldorado do Carajás (PA), Breu Branco (PA), Marabá (PA) e Nova Ipixuna (PA). "As investigações não estão surtindo efeito concreto. Foram seis mortes só aqui na região sudeste do Estado e ninguém foi preso", disse José Batista Afonso, advogado da pastoral.

Nos ofícios, o procurador pediu ainda que sejam investigadas as ameaças de morte sofridas pelo ambientalista Raimundo Belmiro, da Reserva Extrativista Riozinho do Anfrísio, em Altamira (PA). Segundo Amaral, circula na região que a morte dele seria premiada com R$ 80 mil.

Ainda de acordo com o procurador, as pessoas ameaçadas contrariam interesses de madeireiros, grileiros e pistoleiros da região. "A preocupação é com a vida e a segurança de Raimundo Belmiro, em Altamira, e dos familiares de José Cláudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo, em Nova Ipixuna", disse Amaral.

Ele pediu que a PF instaure inquérito para apurar ameaças a Raimundo Belmiro. Ele vem denunciando ameaças de madeireiros que estão invadindo a reserva do Riozinho do Anfrísio para derrubadas ilegais. Ele recomendou que o Instituto Chico Mendes, responsável pela administração da reserva Riozinho do Anfrísio, envie todas as informações e documentos que têm sobre as invasões de madeireiros e a presença de pistoleiros na reserva.

Nos demais ofícios, enviados às Secretarias de Segurança Pública e de Justiça e Direitos Humanos do Pará, os procuradores Tiago Rabelo, de Marabá, Ubiratan Cazetta e Felício Pontes Júnior, de Belém, pediram a inclusão dos familiares de José Cláudio e Maria do Espírito Santo em programas de proteção. Eles foram ameaçados de morte e já sofreram atentados a tiros neste mês, no assentamento Praialta Piranheira, em Nova Ipixuna.

A Polícia Civil do Pará chegou a anunciar as identidades dos assassinos do casal de extrativistas, mas não prendeu ninguém. Os procuradores citaram que as famílias de Laisa Santos Sampaio (irmã de Maria do Espírito Santo) e Claudelice Silva dos Santos (irmã de José Cláudio) sofreram ameaças e tiveram os terrenos invadidos.

O procurador Tiago Rabelo, de Marabá, recorreu ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), em Brasília, para que seja reconhecida a competência da Justiça Federal para atuar no caso. A federalização do processo que apura os crimes contra os ambientalistas do Pará é um pedido dos familiares e defensores do meio ambiente no Estado. Segundo Rabelo, o motivo dos assassinatos foi a invasão de grileiros em lotes do assentamento e, como as terras são da União, o caso deve tramitar na esfera federal.

Ainda de acordo com Rabelo, o recurso foi enviado para o TRF-1 no começo deste mês, mas até agora não houve designação de um desembargador para decidir sobre o pedido.


terça-feira, 30 de agosto de 2011

PROJETO DE LEI N°-2000- 2011. Do Sr. Deputado João Paulo Cunha PT-(SP) “Concede anistia aos trabalhadores rurais de Rondônia punidos no episódio conhecido como “Massacre de Corumbiara.”

O Congresso Nacional decreta:
Art. 1°. É concedida anistia a todos os trabalhadores rurais de Rondônia
punidos de qualquer forma pela participação no episódio denominado “Massacre de
Corumbiara”.
Art. 2º. A anistia de que trata esta Lei abrange os crimes definidos no
Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal) e nas Legislações
Especiais.
Art. 3°. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
JUSTIFICAÇÃO
O Massacre de Corumbiara, ocorrido em agosto de 1995, no
Município de Corumbiara, Estado de Rondônia impôs uma nódoa indelével na história
da violação dos direitos humanos e na luta pelo acesso à terra no País, e ainda hoje
continha vitimando inocentes e perpetuando as arbitrariedades e injustiças praticadas
pelos agentes públicos do Estado brasileiro.
A síntese dessa tragédia nacional nos é apresentada pela Professora
Helena Angélica de Mesquita ((MESQUITA, H. A. de. Corumbiara: o massacre dos
camponeses. Rondônia/Brasil 1995. Scripta Nova, Revista Electrónica de Geografía y
Ciencias Sociales, Universidad de Barcelona, vol. VI, nº 119 (41), 2002. [ISSN: 1138-
9788] http://www.ub.es/geocrit/sn/sn119-41.htm):
No dia 14 de julho de 1995, em caminhões provenientes de diversos pontos do
município de Corumbiara e das estradas próximas, centenas de famílias
chegaram à fazenda Santa Elina. Levaram com eles tudo que possuíam,
especialmente a grande esperança de conquistar a terra. O local escolhido para o
acampamento ficava junto a área comunitária do PA Adriana, apenas separadas
por um pequeno riacho. (...).


Entretanto, nos dias 8 e 9 de agosto, a Polícia Militar (PM) montou o seu
Comando de Operações (QG) naquele local. A coordenação escolheu a Santa
Elina em função de notícias que haviam sido publicadas na imprensa regional,
afirmando que a área não estava regularizada, e era em grande parte área
improdutiva. Nenhuma notícia da imprensa ou mesmo os autos, ou em qualquer
informação dava a extensão correta da Santa Elina. Os números noticiados a
respeito da sua dimensão variavam de sete mil a dezesseis mil hectares, mas na
realidade ela tem cerca de vinte mil hectares.
Do dia 14 de julho até 8 de agosto a ocupação da fazenda Santa Elina era mais
um dos quatrocentos e quarenta conflitos de terra que aconteceram em 1995 no
Brasil e um dos quinze que aconteceram só em Rondônia naquele ano. Portanto,
pode-se concluir que no dia 14/07/95 estava começando o que foi uma tragédia
anunciada: O Massacre de Corumbiara.
....
Os caminhões levando os camponeses na madrugada do dia 15 de julho,
chegaram até o campo de futebol do PA Adriana. O deslocamento até o local que
seria o acampamento foi feito a pé, pois não haviam estradas e a distância era
pequena, cerca de um km. Os caminhões chegaram juntos uns dos outros. Os
posseiros tinham uma grande preocupação e medo dos jagunços, por isso
procuravam estar juntos em grandes grupos. O transporte das poucas coisas que
trouxeram como colchões, lonas, comidas, cacaios e outros objetos, foi feito nas
costas e em mutirão. Esta atividade durou o resto da madrugada e quando o dia
clareou já estava quase tudo depositado, numa pequena clareira que fora aberta
ainda durante a madrugada. Quando o dia amanheceu, no dia 15, sábado, as
atividades eram intensas, no sentido de transformar aquele pequeno pedaço de
mata em um acampamento de sem terras. Todos trabalhavam. Os participantes
descreveram a chegada como momento de grande apreensão, pois tinham medo
que jagunços aparecessem e frustrassem os seus planos.
Era muito barulho, barulho de motosserras, de picaretas, árvores caindo, foices
limpando tudo. Muita gente falando, cantando e gritando, dando ordens,
organizando. Todos se preocupavam com as crianças, que eram muitas. Logo
pela manhã foram escolhidas algumas pessoas para tomarem conta dos
piazinhos, para não deixar que se machucassem ou se perdessem. Alguns
homens foram destacados para manter vigilância, especialmente no fundo e no
lado direito do acampamento, pois era mata fechada dentro da própria Santa
Elina.
Como era área de mata, os barracos foram construídos sob as árvores mais altas
porque elas ofereciam sombra e podiam camuflar e esconder a pequena cidade
de lona dos constantes vôos de intimidação, realizados pelos fazendeiros e pela
própria polícia.
No começo da tarde de sábado foi servido o almoço coletivo, foi uma festa, todos
já se sentiam como uma grande família, com direitos e obrigações. Uma
comissão já circulava com um caderno de anotações onde cadastravam todas as
pessoas que estavam no acampamento e anotavam os nomes dos que
chegavam.
Os homens começaram a derrubada para fazer uma roça comunitária, onde seria
plantado arroz, milho, feijão e mandioca. Os posseiros derrubaram a mata em
volta do acampamento para fazer a roça, mas isso acabou facilitando a agressão
e dificultando a fuga pela mata, pois assim que a derrubada foi incendiada
durante o ataque ao acampamento, aquela rota de fuga foi prejudicada.
Na tarde do dia 15 de julho mais de cinqüenta barracos já estavam montados. À
medida que o tempo passava, mais barracos iam sendo construídos, pois mais
gente ia chegando. No dia 8 de agosto eram cento e cinqüenta e quatro barracos.
Tinha barraco que abrigava mais de uma família, e os solteiros também ficaram
em barracas com até cinco pessoas.
...
Enquanto os posseiros organizavam o seu acampamento, os fazendeiros já
agiam. Especialmente Antenor Duarte do Valle, proprietário de grandes
latifúndios, pressionava a justiça e a polícia. O processo de reintegração de
posse foi sumário. Alguns fazendeiros, vizinhos da Santa Elina, obtiveram na
justiça, liminar de Interdito Proibitório. Vale dizer que estas fazendas deveriam
então, ter guarda da PM e se elas fossem invadidas por sem-terra, a reintegração
de posse seria sumária. A liminar de reintegração de posse da Santa Elina
também foi sumária, três dias depois da ocupação já existia liminar de
manutenção de posse e no mesmo dia a PM já estava na área para fazer cumprir
a mesma.
...
O juiz substituto de Colorado do Oeste, Roberto Gil de Oliveira emitiu a liminar de
manutenção de posse no dia 18 e no mesmo dia envia ofício determinando
escolta policial para fazer cumprir a liminar, ou seja, para acompanhar o oficial de
justiça que deveria ir até o acampamento dar ciência da liminar aos posseiros.
Em seu depoimento no júri, o comandante da operação, o major Ventura explicou
que recebeu o mandato de reintegração de posse em 19/07 e designou um
tenente para acompanhar o oficial de justiça que iria cumprir o mandato, mas
segundo o Major Ventura o Cap. Mena Mendes se ofereceu para a missão, e o
capitão Mena Mendes diz que se ofereceu porque o Major Ventura tinha
designado um aspirante para a missão. Essa afirmação do capitão Mena Mendes
foi desmentida pelo presidente do Inquérito Policial Militar (IPM), coronel Balbi,
pois na ocasião não havia aspirantes na corporação. O Major Ventura, quando
soube do que aconteceu no dia 19 de julho no acampamento, ou seja, a tentativa
frustrada de cumprir o mandato, afirmou que protelou ao máximo o cumprimento
da determinação judicial, porém recebeu pressões do juiz, do poder executivo, via
comando geral da polícia militar, do fazendeiro e de advogados, chegando ao
ponto de ser alertado de que seria processado por desobediência caso não
desse cumprimento àquela ordem. As palavras do major contêm as provas das
pressões que os fazendeiros e políticos fizeram sobre todos.
Na quarta feira de manhã, dia 19 de julho, começou o pesadelo para os
acampados da Santa Elina. Em cima do morro estouraram três foguetes
alertando e avisando que tinha problemas. Era um aviso que havia polícia por
perto. Todos ficaram alertas e se reuniram rapidamente na parte da frente do
acampamento. Por volta das 9 horas da manhã lá estava o capitão Mena Mendes
com trinta e cinco policiais acompanhando o oficial de justiça, no acampamento
dos posseiros. Os posseiros... não permitiram a entrada deles no mesmo. Eles já
traziam duas pessoas presas, uma mulher que saíra para trabalhar, e o secretário
do STR de Corumbiara.
Os posseiros fizeram muito barulho, muitos gritos, músicas e palavras de ordem,
em seguida, fizeram silêncio e o oficial de justiça leu o mandato de manutenção
de posse com voz trêmula.
Neste dia, os posseiros resistiram, e como eram em número muito maior gritaram
e garantiram sua permanência na área. Houve inclusive um confronto e um
posseiro levou um tiro de revólver calibre 38, pelas costas.
Depois dessa visita os camponeses fizeram uma assembléia e comemoraram a
primeira batalha vencida, naquilo que seria uma guerra. No dia 20/07 o mesmo
juiz substituto envia outro ofício requisitando reforço policial para o cumprimento
da liminar, mas o juiz recomenda ponderação e cautela.
Quando o juiz titular, Glodner Luiz Pauletto reassumiu seu cargo encaminhou
ofício ao comando geral da PM em Porto Velho reiterando os ofícios anteriores, o
primeiro dirigido ao comando de Colorado do Oeste e o segundo dirigido ao
próprio capitão Mena Mendes. O ofício foi expedido em 01/08 e recebido no
mesmo dia pelo comandante geral da PM no Estado coronel Wellington Luiz de
Barros Silva em Porto Velho. Nessa data a Companhia de Operações Especiais
(COE) já estava se preparando para ir à Corumbiara.
Enquanto os fazendeiros articulavam tudo para varrer os posseiros do local, os
mesmos recebiam apoio dos vizinhos, de alguns políticos, especialmente o
vereador Manuel Ribeiro, o Nelinho, do Partido dos Trabalhadores e o suplente
de vereador Sebastião Sobrinho, do presidente da Assembléia, do deputado
Daniel Pereira e do Sindicato dos Trabalhadores de Corumbiara (STR).
O vereador Nelinho se movimentava no sentido de colocar a questão nos
noticiários como forma de chamar a atenção para a gravidade da situação, e
acreditava que assim poderia sensibilizar a sociedade para a causa dos
camponeses. Para Nelinho seria também uma forma de proteger os sem terra. O
que Nelinho mais temia era a ação dos jagunços. Nessa altura dos
acontecimentos a ocupação já era notícia nos jornais regionais e nacionais.
Na reunião da Câmara de Vereadores de Corumbiara, no dia primeiro de agosto,
Nelinho comentou sobre a comissão de negociações a qual acompanhava,
cobrou providências das autoridades no sentido de evitar uma tragédia. O
vereador tinha esperança que a liminar fosse suspensa até que a comissão
pudesse fazer alguma coisa. Mas a força do latifúndio se impôs mais uma vez. O
latifúndio fazia pressões sobre juiz, polícia, e o próprio governador. A Sociedade
Rural, braço da União Democrática Ruralista (UDR), pressionava o governador
exigindo o cumprimento da liminar e exigindo que o comandante da polícia de
Vilhena fosse preso por omissão porque protelava o despejo.
(...). Muitos foram omissos.
A correlação de forças era brutalmente desfavorável para os posseiros. Os
opositores dos camponeses puderam agir em todos os sentidos. No plano
jurídico, pressionando juízes, conseguindo liminar em tempo recorde e ofícios
que circularam céleres, colocando as notícias nos jornais e nos demais meios de
comunicação sempre a seu favor e desqualificando os camponeses. No plano
econômico, foi também muito forte a influência dos fazendeiros, pagando
transporte para a tropa, fornecendo alimentação, fornecendo veículos, infiltrando
jagunços junto às tropas e emprestando avião e piloto para a PM sobrevoar a
área do acampamento. Na verdade, ficou caracterizado que o massacre foi
uma empreitada particular, financiada por particulares, onde a polícia
estava a serviço de fazendeiros e até certo modo sob o "comando" dos
mesmos. Antenor Duarte foi visto no QG da PM e seu capataz José Paulo
Monteiro estava tão à vontade naquele lugar, que tirou o posseiro Sérgio dentre
os presos, jogou-o dentro de uma Toyota e nenhum policial, oficial,
subcomandante ou o comandante, "viu". Os camponeses viram e denunciaram
mas suas vozes foram caladas.
Ficaram poucos dias na área, mas o acampamento estava organizado, com
as diversas comissões encarregadas de tarefas que proporcionavam o
melhor andamento possível da vida no mesmo. No dia 08/09, a imprensa de
Vilhena registrou as condições do acampamento e a movimentação dos
camponeses com a chegada da polícia.
O acampamento dos posseiros era vigiado por pessoas da Santa Elina que
informavam ao capitão Mena Mendes sobre os passos dos posseiros. O PM
Walter de Souza informou que no dia 8/08 o capitão Mena Mendes, esteve na
residência do caseiro da Santa Elina, e nesse mesmo dia ele fez reconhecimento
da área do perímetro do acampamento.
Os posseiros ficaram no acampamento somente vinte e quatro dias. Foram
momentos muito marcantes para todos. Momentos de tensão e medo quando o
acampamento era sobrevoado por aviões. Muito medo quando da primeira
tentativa de evacuar a área. Mas estes momentos eram intercalados com outros
de confraternização e muita esperança. A esperança e até uma certa dose de
otimismo surgiu, durante a visita da comissão de negociação, e depois da saída
da mesma.
As conversas foram animadoras e cheias de esperança com a possibilidade de
intervenção daquelas autoridades, para resolver o problema e no mínimo
suspender, ainda que temporariamente, a execução da liminar de manutenção de
posse.
....
No dia 08 de agosto, chega em frente ao acampamento o Comandante Ventura e
a imprensa de Vilhena. Há uma conversa amistosa entre o comando da PM e os
representantes dos posseiros, testemunhada pela imprensa. Depois da
conversa com o Major Comandante, os posseiros comemoraram, pois
pensaram que tinham vencido mais uma batalha. O que eles não sabiam era
que seus opositores estavam ali preparados para fazer uma guerra, uma
guerra contra mulheres, crianças, jovens e velhos. Suas armas de defesa e
caça eram dois revólveres, um calibre 38 e outro 22 e espingardas velhas que
usavam para a caça, e as ferramentas de trabalho, inclusive motosserras,
emprestadas por quem queria ajudar.
Em contrapartida as armas da PM, somente de policiais do 3o Batalhão de Polícia
Militar (BPM), foram: cento e setenta e cinco revólveres calibre 38; doze
escopetas de calibre 12; cinco metralhadoras de 9mm; quatro pistolas; cinco
mosquetes calibre 7,32; e cinco carabinas. Isso sem contar as armas da COE,
dos PM que estavam de férias e estavam a serviço do fazendeiro, e ainda as
armas e munições dos jagunços e da chamada PM2. Somente parte das armas
da PM foram periciadas e só três provas de balística foram positivas. As três
balas eram de revólveres de PM e foram encontrados nos corpos de Hercílio e
José Marconde, posseiros que foram executados sumariamente como atestam os
laudos tanatoscópicos.
....
Na madrugada do dia 09/08 o acampamento da Santa Elina foi cercado por
todos os lados e começou o que foi o massacre de Corumbiara.
Os posseiros foram pegos de surpresa, pois era noite escura e eles
estavam desmobilizados.
Os posseiros foram acordados com bombas de gás lacrimogênio que a todos
sufocavam, tiroteio por longas horas com armas muito pesadas, mulheres foram
usadas como escudo humano pelos policiais e por jagunços. Segundo relatos um
grande número de jagunços, alguns vestidos como policiais entraram infiltrados
no meio das tropas e muitos homens estavam encapuzados. O acampamento
foi totalmente destruído e depois incendiado. Não sobrou nada do que os
camponeses haviam levado para começar o que seria uma vida nova. Tudo
se transformou em pesadelo.
...
Os homens que não morreram ou não conseguiram fugir pela mata foram presos
e obrigados a se deitarem no chão com o rosto na lama e policiais e jagunços
pisavam sobre eles e os espancavam com chutes em todas as partes do corpo e
davam pauladas em qualquer um que ousasse levantar a cabeça. Depois foram
amarrados com cordas e arrastados até o QG da PM, no campo de futebol do PA
Adriana, ..... Os homens ficaram por longas horas, sem água, sem comida,
apanhando e sofrendo todo tipo de humilhações. As mulheres e as crianças
também ficaram presas em cima de caminhões por longas horas sob um sol
escaldante passando fome e sede. Os posseiros foram presos, mortos e
torturados e o acampamento foi completamente destruído. (...) “ (grifos
meus)
Como resultado do massacre, o Poder Judiciário do Estado de
Rondônia levou a julgamento e condenou, injustamente, por homicídio, os
trabalhadores rurais Claudemir Gilberto Ramos e Cícero Pereira Leite Neto, tendo
absolvido a quase totalidade dos policiais militares que participaram e foram os
verdadeiros responsáveis pelo Massacre de vários trabalhadores (homens, mulheres
e crianças indefesos).
“Ou o Brasil acaba com os sem-terras ou os sem-terras acabam com
o Brasil”, “Se eu fosse soldado na hora em que entrei na área e fui
recebido com moto-serra, eu não tinha dúvida: era ele ou eu “ (Frase
dita aos Jurados pelo Promotor de Justiça Tarcísio Leite Matos, ao
postular a Absolvição dos Policiais Militares José Hélio Cysmeiros Pachá e
Mauro Ronaldo Flores Corrêa (exatamente os Tenentes que
comandaram a execução de 03 posseiros com mais de 19 tiros na
cabeça e pelas costas), durante o julgamento pelo Plenário do Tribunal
do Júri de Porto Velho (RO) em 2000, no chamado “Massacre de
Corumbiara”.
A frase pronunciada pelo Promotor de Justiça e destacada acima
demonstra de forma cabal e peremptória toda a parcialidade da investigação e da
condução do processo criminal e, substancialmente, a forma lamentável, como agiram
as autoridades policiais, o Ministério Público e o Judiciário do Estado, no caso
concreto.
Com efeito, não houve ao longo das mais de 10.000 (dez mil) páginas
que informam os autos judiciais nenhuma preocupação em se chegar à verdade real,
de trazer à baila a realidade dos fatos e a forma como efetivamente ocorreram as
ações deletérias adotadas pelos Policiais Militares e por alguns particulares no
massacre aos posseiros.
Enquanto a sociedade clamava por uma investigação séria e profunda,
optou-se pela superficialidade e pela incoerência de uma determinada versão,
extraída das mentes de uns poucos iluminados policiais civis e militares e adotadas
como verdade absoluta e imutável, ao mesmo tempo em que eram desprezados todos
os testemunhos de posseiros, todos os indícios e, substancialmente, a fartura de
provas que borbulhavam na superfície dos autos.
Enquanto as vítimas, ou seja, os posseiros esperavam a punição dos
responsáveis pelas barbáries cometidas, preferiu-se o comodismo da indicação de
alguns “bodes expiatórios” como brindes pelo “árduo trabalho de investigação policial,
do Ministério Público e do Poder Judiciário”.
E para que os poderosos que ordenaram e comandaram o massacre
não ficassem incomodados, ofertou-se a cabeça dos 02 trabalhadores rurais
efetivamente condenados (Claudemir Gilberto Ramos e Cícero Pereira Leite Neto),
apenas como exemplo de que a luta pela afirmação de determinado direito social não
pode cruzar os caminhos ou interferir nos desígnios do poder econômico.
Os trabalhadores rurais injustamente condenados não tiveram êxito nos
Recursos manejados em nenhumas das instâncias do Poder Judiciário brasileiro,
somente encontrado amparo na Comissão Interamericana dos Direitos Humanos
da OEA, que através do Relatório nº 32/04 – Caso 11.556 – Corumbiara – Brasil,
Aprovado pela Comissão em sua sessão nº 1620, de 11 de março de 2004,
reconheceu a omissão e as violações de direitos humanos de responsabilidade do
Estado Brasileiro na investigação e punição dos verdadeiros responsáveis pelo
massacre e determinou a adoção de uma série de providências ainda não adotadas a
termo pelo Estado Brasileiro.
Nesse sentido, o seguinte trecho do relatório:
“(...)
VI. CONCLUSÕES.
305. Com base nas considerações de fato é de
direito expostas anteriormente, a Comissão Interamericana
reitera sua conclusão em relação a que o Estado brasileiro é
responsável pela violação do direito à vida, à integridade
pessoal, à proteção judicial e a garantias judiciais, consagrados
nos artigos 4, 5, 25 e 8, respectivamente, da Convenção
Americana, em detrimento dos trabalhadores sem terra
identificados neste relatório, em virtude das execuções
extrajudiciais, lesões à integridade pessoal e violações da
obrigação de investigar, do direito a um recurso efetivo e das
garantias judiciais, cometidas em prejuízo daqueles. A
Comissão também determina que o Estado violou seu dever de
adotar disposições de direito interno, nos termos no artigo 2 da
Convenção Americana, deixando também de cumprir a
obrigação que lhe impõe o artigo 1.1 de respeitar e garantir os
direitos consagrados na Convenção. A CIDH conclui também
que o Estado brasileiro violou os artigos 1, 6 e 8 da Convenção
Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura. (...)”.
Como um prenúncio das consequências das omissões do Estado
brasileiro neste episódio, que jamais foi enfrentada na perspectiva indicada pela
Comissão Interamericana de Direitos Humanos, informa-se que mais uma vítima da
luta no campo foi contabilizada na triste estatística da violência que grassa livremente
em diversos Estados e Regiões do País.
Com efeito, uma das vítimas sobreviventes do Massacre de Corumbiara
e Líder do Movimento Camponês Corumbiara, o trabalhador rural Adelino Ramos, que
é pai de um dos trabalhadores injustamente condenado no episódio de que trata esse
projeto de lei (Claudemir Gilberto Ramos), foi assassinado no último dia 27 de maio
de 2011, no Município de Vista Alegre de Abunã (RO), por um pistoleiro já identificado
e conhecido na região e que, sabidamente trabalha por encomenda dos que não
admitem a organização, as lutas, as denúncias e as reivindicações dos trabalhadores
que atuam na região.
Trata-se de um crime que veicula um duro recado aos trabalhadores
rurais da região e de resto, de todo o País, no sentido de que o “Massacre de
Corumbiara” não foi suficiente para eliminar todas as lideranças e focos de resistência
daqueles que visualizam um País mais justo e solidário, nos termos do Artigo 3º da
Constituição Federal, de modo que os focos de resistência dos trabalhadores devem
ser eliminados.  Como se observa, para além de enfrentar de forma acerba a violência
que vem sendo desencadeada contra trabalhadores e lideranças rurais, o Estado


brasileiro tem um compromisso inadiável de reparar, através dos meios judiciais e
materiais disponíveis, todas as violações que foram perpetradas contra os
trabalhadores rurais em Corumbiara.
Assim, a anistia aos trabalhadores condenados é apenas uma parte
dessa reparação que deverá ser buscada e exaurida pelo País.
É com esse espírito que apresento o vertente projeto de lei, para o qual
espero ao apoio de meus pares.
Sala das Sessões, em 10 de agosto de 2011.
João Paulo Cunha
Deputado Federal PT/SP

UM POUCO DE ADELINO RAMOS (DINHO)

Adelino Ramos - O Dinho nasceu em 24/07/1954 + 27, 05, 2011
Município de nascimento: São João /PR Nacionalidade: Brasileiro Sexo: Masculino, Estado Civil: Casado, Grau de Instrução: Ensino Fundamental Completo.
Nascido no Paraná filho de Manoel ramos, e Carmelinda ramos do Rio grande do sul.
 Adelino muda para Rondônia em busca de um pedaço de terra para trabalhar para dar sustento a sua família Chegando Em Vilhena(Ro) em 1981 trabalho de empregado Tomou conta de uma chácara que o dono chamava primo de Karle inclusive o dono da chácara era o caminhoneiro que transportou a mudança e família de Adelino do Paraná para Rondônia,  trabalhou como feirante vendendo verduras aos comerciantes de Vilhena, transportava verduras em um carrinho de Mao empurrando seu carrinho  por 8 kilometros de distancia com ajuda de seus filhos, verduras estas colhidas da horta que ele e sua família tinha na chácara, em suas vendas de verduras em vilhena, conheceu um fazendeiro chamado Gilberto Donin por sinal uma excelente pessoa que queria que Adelino tomasse de conta de sua granja de porcos de raça, onde Adelino aceitou cuidar de seus porcos em um chiqueiro que tinha na chácara, depois de um certo tempo Adelino e família se mudarão, para outra chácara chamada retiro de padres e fleras de vilhena para tomar de conta, La se engajou na comunidade chamada Piraculina,  como membro da diretoria da comunidade Igreja Católica, e fez parte também da comissão  pastoral da terra Sepame em ji Paraná (Ro), e novamente continuou a trabalhava na cidade de vilhena vendia verduras e carne de porcos que comprava e revendia, também  como feirante,depois de um certo tempo foi tomar de conta da fazenda de Gilberto donin cuidar de gados,granja de porcos,por mais que seus patrões fossem pessoas boas ele queria trabalhar com sua família em cima do que era seu por direito a terra, trabalhou em vilhena com famílias carentes
e ai por diante entro nos movimentos lutando por terra e essa luta q levou ele a morte por defender os sem terra trabalhadores a primeira ocupação de terra foi em área de terra chamada Pirajuí no município de pimenta Bueno foi organizado por ele sozinho com seu filho mas velho Claudemir com 12 anos de idade sem movimento e ai através desta ocupação conheceu Cícero pereira da direção estadual do MST ai que ele e família  entraram no MST e no PT fez parte da direção estadual do MST por 6 anos coordenou varias ocupações de terra nos municípios de Espigão do oeste,Ariquemes,Corumbiara foi sua ultima atuação no MST coordenou a ocupação da fazenda Adriana hoje assentamento PA-Adriana divisa com a fazenda Santa ELINA onde aconteceu o massacre,PA-ADRIANA FOI conquistado por Adelino ramos ali Adelino ramos decide junto com seu companheiro Cícero sair do MST de Rondônia por não concordar com alguns métodos praticado no MST em Rondônia aos sem terras queria mudanças em alguns métodos praticado pela direção estadual do MST do seu estado na aquela época  mas não foi ouvido então decide deixar o MST mas sempre foi um admirador do MST  tanto que guardou uma bandeira do MST como lembrança de sua luta quanto direção no momento que teve no MST tanto que esta bandeira foi queimada por policias e jagunços fardados no dia do massacre de Corumbiara NA FAZENDA SANTA ELINA, ali no PA-ADRIANA lutou por estradas escola etc. Para as famílias do assentamento através de seu ideal achou que deveria organizar o sindicato dos trabalhadores rurais do município de Corumbiara ,Foi sindicalista fundador do Sindicato DOS TRABALHADORES RURAIS DE CORUBIARA FOI PRESIDENTE DO SINDICATO FILIADO A CUT RONDONIA Eleito pelos trabalhadores  rurais do município trabalhadores estes empregados de fazendeiros da região e pequenos proprietários  sitiantes do município Adelino ramos lutou pelas enumeras reivindicações dos trabalhadores do município como presidente do sindicato.

E ai por diante começa a ser procurado por sem terras da região para liderar a ocupação na fazenda Santa Elina, pois os trabalhadores ouviam muitos comentários que aquela área ia ser desapropriada pelo INCRA então Adelino como presidente do sindicato não podia liderar aquela ocupação, pois não era função do sindicato apoiar sim, mas liderar não então Adelino informa  aos trabalhadores sem terra a existência do MST que ele tinha feito parte então Adelino decide apoiar a idéia da ocupação de Santa Elina e passou por enumeras vezes procurando o MST em Rondônia mas não obteve respostas então deu retorno aos trabalhadores sem terra que não ouviria interesse do MST fazer ocupação naquela região então os trabalhadores decidem se organizar por conta própria e fazer a ocupação Adelino ainda como admirador do MST deu de presente a bandeira do MST aos trabalhadores sem terra e seu filho Claudemir Gilberto ramos  decide ir com os trabalhadores para ocupação a busca de um pedaço de terra para trabalhar e No dia 14 de julho, acontece a grande ocupação na fazenda Santa Elina, com 624 famílias num total de duas mil e trezentas e poucas pessoas entre mulheres e crianças em caminhões provenientes de diversos pontos do município de Corumbiara e das estradas próximas, centenas de famílias chegaram à fazenda Santa Elina. Levaram com eles tudo que possuíam, especialmente a grande esperança de conquistar a terra. O local escolhido para o acampamento ficava junto a área comunitária do PA Adriana, apenas separadas por um pequeno riacho. A idéia era: assim que o cerco ao acampamento se tornasse insustentável, os posseiros se locomoveriam para aquele lugar, onde havia, um campo de futebol na área comunitária do PA. Entretanto, nos dias 8 e 9 de agosto, a Polícia Militar (PM) montou o seu Comando de Operações (QG) naquele local. A coordenação escolheu a Santa Elina em função de notícias que haviam sido publicadas na imprensa regional, afirmando que a área não estava regularizada, e era em grande parte área improdutiva. Nenhuma notícia da imprensa ou mesmo os autos, ou em qualquer informação dava a extensão correta da Santa Elina. Os números noticiados a respeito da sua dimensão variavam de sete mil a dezesseis mil hectares, mas na realidade ela tem cerca de vinte mil hectares . 

Do dia 14 de julho até 8 de agosto a ocupação da fazenda Santa Elina era mais um dos quatrocentos e quarenta conflitos de terra que aconteceram em 1995 no Brasil e um dos quinze que aconteceram só em Rondônia naquele ano. Portanto, pode-se concluir que no dia 14/07/95 estava começando o que foi uma tragédia anunciada: O Massacre de Corumbiara. 

A escolha da área para a ocupação e o local exato para montar o acampamento foi estratégica por várias razões, primeiro, porque os acampados precisariam de água potável, e o pequeno riacho tinha águas cristalinas. Segundo, a proximidade com o PA Adriana, afinal dois dos mobilizadores eram lá assentados, e muitos moradores apoiaram a ocupação e ajudaram os companheiros. Naquele PA os acampados da Santa Elina encontrariam ajuda e guarida em caso de ataque. Terceiro, a área do lote ocupado era muito fértil e poderiam plantar suas roças imediatamente. 

O acampamento ficava em uma espécie de canto do lote, tendo à frente e ao lado esquerdo o PA Adriana e isso nos planos dos coordenadores, facilitaria uma rota de fuga entrando direto em campo amistoso. Foi por onde muitos se salvaram, especialmente os que conheciam a área. Os posseiros sabiam que se errassem o rumo e entrassem dentro da Santa Elina os jagunços estariam esperando armados. 
Os caminhões levando os camponeses na madrugada do dia 15 de julho, chegaram até o campo de futebol do PA Adriana. O deslocamento até o local que seria o acampamento foi feito a pé, pois não haviam estradas e a distância era pequena, cerca de um km. 

Os caminhões chegaram juntos uns dos outros. Os posseiros tinham uma grande preocupação e medo dos jagunços, por isso procuravam estar juntos em grandes grupos. O transporte das poucas coisas que trouxeram como colchões , lonas, comidas, cacaios e outros objetos, foi feito nas costas e em mutirão. Esta atividade durou o resto da madrugada e quando o dia clareou já estava quase tudo depositado, numa pequena clareira que fora aberta ainda durante a madrugada. Quando o dia amanheceu, no dia 15, sábado, as atividades eram intensas, no sentido de transformar aquele pequeno pedaço de mata em um acampamento de sem terras. Todos trabalhavam. Os participantes descreveram a chegada como momento de grande apreensão, pois tinham medo que jagunços aparecessem e frustrassem os seus planos. 

Era muito barulho, barulho de motosserras, de picaretas, árvores caindo, foices limpando tudo. Muita gente falando, cantando e gritando, dando ordens, organizando. 

Todos se preocupavam com as crianças, que eram muitas. Logo pela manhã foram escolhidas algumas pessoas para tomarem conta dos piazinhos, para não deixar que se machucassem ou se perdessem. Alguns homens foram destacados para manter vigilância, especialmente no fundo e no lado direito do acampamento, pois era mata fechada dentro da própria Santa Elina. 

Como era área de mata, os barracos foram construídos sob as árvores mais altas porque elas ofereciam sombra e podiam camuflar e esconder a pequena cidade de lona dos constantes vôos de intimidação, realizados pelos fazendeiros e pela própria polícia. 

No começo da tarde de sábado foi servido o almoço coletivo, foi uma festa, todos já se sentiam como uma grande família, com direitos e obrigações. Uma comissão já circulava com um caderno de anotações onde cadastravam todas as pessoas que estavam no acampamento e anotavam os nomes dos que chegavam.. 

Os homens começaram a derrubada para fazer uma roça comunitária, onde seria plantado arroz, milho, feijão e mandioca. Os posseiros derrubaram a mata em volta do acampamento para fazer a roça, mas isso acabou facilitando a agressão e dificultando a fuga pela mata, pois assim que a derrubada foi incendiada durante o ataque ao acampamento, aquela rota de fuga foi prejudicada. 

Na tarde do dia 15 de julho mais de cinquenta barracos já estavam montados. À medida que o tempo passava, mais barracos iam sendo construídos, pois mais gente ia chegando. No dia 8 de agosto eram cento e cinquenta e quatro barracos. Tinha barraco que abrigava mais de uma família, e os solteiros também ficaram em barracas com até cinco pessoas. 

Em pouco tempo o acampamento já estava funcionando com as comissões, alguns coordenadores tinham sido designados antes mesmo da ocupação, enfim formaram as equipes e começaram a trabalhar e o acampamento era uma realidade. Mas uma realidade muito precária como afirmou Sebastião Salgado: 

Os menores de rua, os favelados são aqueles que desistiram de lutar para ficar na terra.O acampamento é pior que campo de refugiados, são absolutamente abandonados e são às vezes atacados, mas resistem pela esperança de possuir a terra e ter dignidade. 

Enquanto os posseiros organizavam o seu acampamento, os fazendeiros já agiam. 

Especialmente Antenor Duarte do Valle, proprietário de grandes latifúndios, pressionava a justiça e a polícia. O processo de reintegração de posse foi sumário. 

Alguns fazendeiros, vizinhos da Santa Elina, obtiveram na justiça, liminar de Interdito Proibitório. Vale dizer que estas fazendas deveriam então, ter guarda da PM e se elas fossem invadidas por sem terra, a reintegração de posse seria sumária. 

A liminar de reintegração de posse da Santa Elina também foi sumária, três dias depois da ocupação já existia liminar de manutenção de posse e no mesmo dia a PM já estava na área para fazer cumprir a mesma. 

Nos casos de ocupação de terras no campo brasileiro, quando feita por trabalhadores, a justiça tem sido sempre rápida, no sentido de atender os latifundiários, e no caso da Santa Elina, não foi diferente. A justiça foi rápida na expedição da liminar de manutenção de posse, e no dia 19, houve uma tentativa frustrada de desocupar a área. 

O juiz substituto de Colorado do Oeste, Roberto Gil de Oliveira emitiu a liminar de manutenção de posse no dia 18 e no mesmo dia envia ofício determinando escolta policial para fazer cumprir a liminar, ou seja, para acompanhar o oficial de justiça que deveria ir até o acampamento dar ciência da liminar aos posseiros. Em seu depoimento no júri, o comandante da operação, o major Ventura explicou que recebeu o mandato de reintegração de posse em 19/07 e designou um tenente para acompanhar o oficial de justiça que iria cumprir o mandato, mas segundo o Major Ventura o Mena Mendes se ofereceu para a missão, e o capitão Mena Mendes diz que se ofereceu porque o Major Ventura tinha designado um aspirante para a missão. Essa afirmação do capitão Mena Mendes foi desmentida pelo presidente do Inquérito Policial Militar (IPM), coronel Balbi, pois na ocasião não havia aspirantes na corporação. O Major Ventura, quando soube do que aconteceu no dia 19 de julho no acampamento, ou seja, a tentativa frustada de cumprir o mandato, afirmou que protelou ao máximo o cumprimento da determinação judicial, porém recebeu pressões do juiz, do poder executivo, via comando geral da polícia militar, do fazendeiro e de advogados, chegando ao ponto de ser alertado de que seria processado por desobediência caso não desse cumprimento àquela ordem . As palavras do major contêm as provas das pressões que os fazendeiros e políticos fizeram sobre todos. 

Na quarta feira de manhã, dia 19 de julho, começou o pesadelo para os acampados da Santa Elina. Em cima do morro estouraram três foguetes alertando e avisando que tinha problemas. Era um aviso que havia polícia por perto. Todos ficaram alertas e se reuniram rapidamente na parte da frente do acampamento. Por volta das 9 horas da manhã lá estava o capitão Mena Mendes com trinta e cinco policiais acompanhando o oficial de justiça, no acampamento dos posseiros. Os posseiros fizeram uma barreira humana em frente ao acampamento, às margens do riacho, e não permitiram a entrada deles no mesmo. Eles já traziam duas pessoas presas, uma mulher que saíra para trabalhar, e o secretário do STR de Corumbiara. 

Os posseiros fizeram muito barulho, muitos gritos, músicas e palavras de ordem, em seguida, fizeram silêncio e o oficial de justiça leu o mandato de manutenção de posse com voz trêmula. 

Neste dia, os posseiros resistiram, e como eram em número muito maior gritaram e garantiram sua permanência na área. Houve inclusive um confronto e um posseiro levou um tiro de revólver calibre 38, pelas costas. 

Depois dessa visita os camponeses fizeram uma assembléia e comemoraram a primeira batalha vencida, naquilo que seria uma guerra. No dia 20/07 o mesmo juiz substituto envia outro ofício requisitando reforço policial para o cumprimento da liminar, mas o juiz recomenda ponderação e cautela. 

Quando o juiz titular, Glodner Luiz Pauletto reassumiu seu cargo encaminhou ofício ao comando geral da PM em Porto Velho reiterando os ofícios anteriores, o primeiro dirigido ao comando de Colorado do Oeste e o segundo dirigido ao próprio capitão Mena Mendes. O ofício foi expedido em 01/08 e recebido no mesmo dia pelo comandante geral da PM no Estado coronel Wellington Luiz de Barros Silva em Porto Velho. Nessa data a Companhia de Operações Especiais (COE) já estava se preparando para ir à Corumbiara. 

Enquanto os fazendeiros articulavam tudo para varrer os posseiros do local, os mesmos recebiam apoio dos vizinhos, de alguns políticos, especialmente o vereador Manuel Ribeiro, o Nelinho, do Partido dos Trabalhadores e o suplente de vereador Sebastião Sobrinho, do presidente da Assembléia, do deputado Daniel Pereira e do Sindicato dos Trabalhadores de Corumbiara (STR). 

O vereador Nelinho se movimentava no sentido de colocar a questão nos noticiários como forma de chamar a atenção para a gravidade da situação, e acreditava que assim poderia sensibilizar a sociedade para a causa dos camponeses. Para Nelinho seria também uma forma de proteger os sem terra. O que Nelinho mais temia era a ação dos jagunços. Nessa altura dos acontecimentos a ocupação já era notícia nos jornais regionais e nacionais. 

Na reunião da Câmara de Vereadores de Corumbiara, no dia primeiro de agosto, Nelinho comentou sobre a comissão de negociações a qual acompanhava, cobrou providências das autoridades no sentido de evitar uma tragédia. O vereador tinha esperança que a liminar fosse suspensa até que a comissão pudesse fazer alguma coisa. Mas a força do latifúndio se impôs mais uma vez. O latifúndio fazia pressões sobre juiz, polícia, e o próprio governador. A Sociedade Rural, braço da União Democrática Ruralista (UDR), pressionava o governador exigindo o cumprimento da liminar e exigindo que o comandante da polícia de Vilhena fosse preso por omissão porque protelava o despejo. 

O governador tinha conhecimento real da situação da Santa Elina e não tomou nenhuma providência no sentido de evitar a tragédia que já se anunciava. O secretário de agricultura, que era do Partido dos Trabalhadores, também tinha conhecimento da situação, e foi omisso. Muitos foram omissos. 

A correlação de forças era brutalmente desfavorável para os posseiros. Os opositores dos camponeses puderam agir em todos os sentidos. No plano jurídico, pressionando juízes, conseguindo liminar em tempo recorde e ofícios que circularam céleres, colocando as notícias nos jornais e nos demais meios de comunicação sempre a seu favor e desqualificando os camponeses. No plano econômico, foi também muito forte a influência dos fazendeiros, pagando transporte para a tropa, fornecendo alimentação, fornecendo veículos, infiltrando jagunços junto às tropas e emprestando avião e piloto para a PM sobrevoar a área do acampamento. Na verdade, ficou caracterizado que o massacre foi uma empreitada particular, financiada por particulares, onde a polícia estava a serviço de fazendeiros e até certo modo sob o "comando" dos mesmos. Antenor Duarte foi visto no QG da PM e seu capataz José Paulo Monteiro estava tão à vontade naquele lugar, que tirou o posseiro Sérgio dentre os presos, jogou-o dentro de uma Toyota e nenhum policial, oficial, subcomandante ou o comandante, "viu". Os camponeses viram e denunciaram mas suas vozes foram caladas. 

Ficaram poucos dias na área, mas o acampamento estava organizado, com as diversas comissões encarregadas de tarefas que proporcionavam o melhor andamento possível da vida no mesmo. No dia 08/09, a imprensa de Vilhena registrou as condições do acampamento e a movimentação dos camponeses com a chegada da polícia. 

O acampamento dos posseiros era vigiado por pessoas da Santa Elina que informavam ao capitão Mena Mendes sobre os passos dos posseiros. O PM Walter de Souza informou que no dia 8/08 o capitão Mena Mendes, esteve na residência do caseiro da Santa Elina, e nesse mesmo dia ele fez reconhecimento da área do perímetro do acampamento. 

Os posseiros ficaram no acampamento somente vinte e quatro dias. Foram momentos muito marcantes para todos. Momentos de tensão e medo quando o acampamento era sobrevoado por aviões. Muito medo quando da primeira tentativa de evacuar a área. Mas estes momentos eram intercalados com outros de confraternização e muita esperança. A esperança e até uma certa dose de otimismo surgiu, durante a visita da comissão de negociação, e depois da saída da mesma. As conversas foram animadoras e cheias de esperança com a possibilidade de intervenção daquelas autoridades, para resolver o problema e no mínimo suspender, ainda que temporariamente, a execução da liminar de manutenção de posse. Outro fator que dava alguma tranquilidade era a possibilidade estratégica de saírem da área e ir para o PA Adriana. Eles planejaram correr para o PA Adriana se o cerco ao acampamento se tornasse insustentável e armariam novo acampamento no campo de futebol. Os coordenadores tinham planejado este detalhe. Sabiam que poderiam ficar acampados naquele local, do PA Adriana, onde a PM e os jagunços perderiam a possibilidade de atacá-los, pelo menos legalmente. 

Afinal naquele campo eles seriam os convidados dos amigos assentados. Assim, através dessa estratégia, apreendida com as experiências do próprio Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), logo que a situação "esfriasse" voltariam para a Santa Elina. No caso da ocupação do PA Adriana, chegaram a ser despejados da área por três vezes. Tudo indica que no caso da Santa Elina, os opressores queriam mais que um despejo, queriam uma "lição de violência", para que as ocupações cessassem na região. No dia 08 de agosto, chega em frente ao acampamento o Comandante Ventura e a imprensa de Vilhena. Há uma conversa amistosa entre o comando da PM e os representantes dos posseiros, testemunhada pela imprensa. Depois da conversa com o Major Comandante, os posseiros comemoraram, pois pensaram que tinham vencido mais uma batalha. O que eles não sabiam era que seus opositores estavam ali preparados para fazer uma guerra, uma guerra contra mulheres, crianças, jovens e velhos. Suas armas de defesa e caça eram dois revólveres, um calibre 38 e outro 22 e espingardas velhas que usavam para a caça, e as ferramentas de trabalho, inclusive motosserras, emprestadas por quem queria ajudar. 

Em contrapartida as armas da PM , somente de policiais do 3o Batalhão de Polícia Militar (BPM), foram: cento e setenta e cinco revólveres calibre 38; doze escopetas de calibre 12; cinco metralhadoras de 9mm; quatro pistolas; cinco mosquetes calibre 7,32; e cinco carabinas. Isso sem contar as armas da COE, dos PM que estavam de férias e estavam a serviço do fazendeiro, e ainda as armas e munições dos jagunços e da chamada PM2. Somente parte das armas da PM foram periciadas e só três provas de balística foram positivas. As três balas eram de revólveres de PM e foram encontrados nos corpos de Hercílio e José Marconde, posseiros que foram executados sumariamente como atestam os laudos tanatoscópicos. 

Mesmo com tantas evidências as autoridades de Rondônia insistem em negar que houve massacre em Corumbiara. Tanto o juiz de Colorado do Oeste, como o promotor não aceitam chamar o episódio da Santa Elina de massacre. E o promotor assim o definiu: 

Não houve massacre porque ninguém foi massacrado, houve um conflito onde, infelizmente, algumas pessoas morreram . 
A imprensa, naquele episódio, teve papel muito importante, pois registrou em áudio e vídeo momentos relevantes dentro do acampamento e na entrada do mesmo, conversou com posseiros e gravou uma longa entrevista com um dos coordenadores do acampamento, que com muita clareza e objetividade, explicou as condições que estavam ali, quem os apoiava, as necessidades daqueles camponeses e a firme decisão de lutar pela terra, e fez graves denúncias sobre as pressões que os posseiros da Santa Elina e até assentados dos PA próximos estavam sofrendo de jagunços e dos fazendeiros. 



 E Adelino deu apoio mas não podia liderar então Adelino pede aos trabalhadores  que hasteasse a bandeira do MST no acampamento pois achava que o MST de Rondônia ia se sensibilizar e ia assumir a ocupação mas não teve sua esperança alcançada então Adelino temendo o que viesse acontecer com os trabalhadores sem organização legitima como o MST Adelino começa buscar apoio de entidades sociais como a CUT ,igreja católica,PT ,associações comunitárias do município CPT (comissão pastoral da terra )e obteve sucesso  com   o apoio destas entidades sociais e também em sua busca de apoio aos acampados Adelino conhece Manoel ribeiro Nelinho,VEREADOR pelo PT no município de Corumbiara  que foi seu braço direito em apoiar os acampados na ocupação Santa Elina o qual também foi assassinado um mês depois do massacre por pistoleiros, em sua própria casa morto unicamente por defender o direito dos trabalhadores Nelinho  Morreu sem saber que sua esposa estava grávida a espera de seu filho e veja o que aconteceu com as famílias acampadas em Santa Elina

O Massacre de Corumbiara 

Na madrugada do dia 09/08 o acampamento da Santa Elina foi cercado por todos os lados e começou o que foi o massacre de Corumbiara. 

Os posseiros foram pegos de surpresa, pois era noite escura e eles estavam desmobilizados. 

Os posseiros foram acordados com bombas de gás lacrimogênio que a todos sufocavam, tiroteio por longas horas com armas muito pesadas, mulheres foram usadas como escudo humano pelos policiais e por jagunços. Segundo relatos um grande número de jagunços, alguns vestidos como policiais entraram infiltrados no meio das tropas e muitos homens estavam encapuzados. O acampamento foi totalmente destruído e depois incendiado. Não sobrou nada do que os camponeses haviam levado para começar o que seria uma vida nova. Tudo se transformou em pesadelo. 

O que aconteceu naquela noite e naquela manhã, não foi testemunhado pela imprensa, mas as marcas estão presentes naqueles corpos e naquelas almas que sofreram torturas indescritíveis mas os que sobreviveram puderam contar o que aconteceu ali, embora suas vozes tenham sido sufocadas, desqualificadas, ou simplesmente ignoradas durante as apurações processuais e durante o júri. 

Os homens que não morreram ou não conseguiram fugir pela mata foram presos e obrigados a se deitarem no chão com o rosto na lama e policiais e jagunços pisavam sobre eles e os espancavam com chutes em todas as partes do corpo e davam pauladas em qualquer um que ousasse levantar a cabeça. Depois foram amarrados com cordas e arrastados até o QG da PM, no campo de futebol do PA Adriana. Os homens ficaram por longas horas, sem água, sem comida, apanhando e sofrendo todo tipo de humilhações. 

As mulheres e as crianças também ficaram presas em cima de caminhões por longas horas sob um sol escaldante passando fome e sede. Os posseiros foram presos, mortos e torturados e o acampamento foi completamente destruído. 

Em todas as entrevistas e conversas com os camponeses que estiveram na Santa Elina e seus vizinhos há uma coerência e coincidência nas informações ao descrever o ataque ao acampamento, a entrada dos jagunços e policiais, espancando, atirando e torturando, depois de rendidos, a continuação das torturas e execuções, a retirada dos posseiros presos no local do acampamento até o campo de futebol. Homens e meninos eram arrastados e espancados sistematicamente, foram obrigados a comer terra molhada com sangue. Além de todas as torturas físicas ainda os constrangimentos morais e psicológicas e as agressões com palavras e gestos. 

Os depoimentos dos posseiros comprovam que houve realmente um massacre em todos os sentidos da expressão. A vida daquelas centenas de pessoas ficou à prova desde o momento que foi atirada a primeira bomba de gás dentro do acampamento até a chegada do advogado da CPT na delegacia de Colorado do Oeste, no dia 10 de agosto, ou seja, aqueles camponeses viveram mais de vinte e quatro horas de torturas ininterruptas. 

Durante todo esse tempo os camponeses foram torturados porque os torturadores queriam saber quem eram os líderes e onde eles estavam. Isto equivale a dizer que aqueles que lideraram aquela ocupação já haviam sido julgados e condenados sumariamente por quem organizara aquela ação repressiva. 
Homens, mulheres e crianças foram impedidos de se alimentar, de beber água e inclusive de fazer as necessidades fisiológicas, ficaram ouvindo ameaças de morte, olhando para os mortos estendidos no chão, vendo companheiro sendo retirado e jogado em Toyota. As crianças que não podiam nem chorar em voz alta. Mães tinham de colocar a mão na boca das crianças para que elas não gritassem. Outras mães separadas de filhos, maridos separados de esposas. Era o desespero de não saber onde estava o seu ente querido, se vivo ou morto e não poder sequer perguntar. Via-se um amontoado de homens sentados quase uns sobre os outros. O próprio major Ventura declarou em seu depoimento que, quando voltou do acampamento dos posseiros para o QG, depois do despejo consumado, ali estavam cerca de setecentos e cinquenta pessoas e haviam inúmeros veículos Toyota, ônibus, caminhões e estavam civis portando armamento, e estes não eram da polícia civil, e o major disse ainda que viu, no acampamento, policiais pisando em cima de civis. 

Os trezentos e cinquenta e cinco presos que estavam naquele campo foram transportados amontoados em caminhões até a cidade de Colorado do Oeste. Quando saíram do QG já estava escurecendo e o transporte foi a continuação do massacre. Os homens eram colocados uns sobre os outros dentro do caminhão e ainda continuavam sofrendo ameaças. O posseiro Moacir Camargo já estava no caminhão quando levou um tiro que lhe traspassou o corpo. 

O transporte dos posseiros presos, do QG da PM até a cidade de Colorado do Oeste, foi a continuação das torturas, pois eles estavam amontoados nos caminhões e, como as estradas eram péssimas, os motoristas faziam questão de aumentar os seus sofrimento s indo em alta velocidade, dando solavancos e ferindo mais ainda aqueles corpos já tão machucados, tão famintos, sedentos, ameaçados... 

Chegando em Colorado do Oeste, cerca de setenta desses presos foram encaminhados à delegacia de polícia, e os outros foram confinados no ginásio de esportes. Os presos que foram para o ginásio de esportes tiveram mais sorte, embora estivessem sob vigilância e não tivessem nenhuma assistência, não foram mais torturados fisicamente. O padre José Maria, hoje bispo de Colorado do Oeste, chegou muito cedo ao ginásio e teve dificuldade para entrar, a polícia tentou impedir e ele descreveu o que viu. Ele disse que eram homens e meninos sujos, ensanguentados, famintos, feridos, desesperados. O padre tomou providências para alimentá-los. A população da cidade foi muito solidária com os posseiros e rapidamente foi providenciando roupas e alimentos para todos. Aquelas pessoas, centenas de mulheres e crianças e cerca de trezentos e cinquenta homens, só tinham a roupa do corpo, mesmo assim, muitos estavam rasgados e sujos de lama e sangue. Tudo que eles tinham foi queimado no acampamento. 

Depoimentos dos sobreviventes de Corumbiara “Companheiros, sou mais um dos sobreviventes. Chegou a hora de darmos o troco. Estaremos sempre denunciando esses governos corruptos e que nada fazem senão massacrar o povo com promessas que nunca cumprem. Estão, de novo, só mentindo para o povo votar neles nas próximas eleições. Um dia esses filhos da puta vão ter que nos pagar”, afirmou o camponês Dedé. 
“Olha, moço, não põe meu nome aí e nem diz que falou comigo. A verdade é que morreram muito mais, entre policiais e camponeses. Não foram apenas os onze que divulgaram. Dizem até que, se tivessem contado a verdade, que morreram mais policiais, estariam estimulando novas ocupações. A imprensa só chegou depois da “limpeza”. Meus sobrinhos viram passar caminhões com cadáveres e presos, muitos presos, todos amontoados, aqui, em Cerejeiras, atrás da cidade. Muita gente foi jogada no rio ou enterrada. Tem gente que passou a morar aqui pertinho, deixando Corumbiara, e até hoje, pergunta por parentes”. “Tem gente que procura até hoje, por familiares que sumiram. E têm muito medo de falar. Sei de mães nesse drama. Então, não foram só as 11 pessoas que morreram, conforme falam, nove companheiros nossos e dois PMs. Tem muita gente que saiu de Corumbiara, tamanho o medo que permanece até hoje, além do trauma. Aquela noite foi de muito horror. Teve uma amiga, a Ana Paula, que ficou viúva com uma filhinha de dois anos. Estava casada há apenas três anos. 

Houve um momento de pânico quando os policiais queriam aprisionar todas as mulheres, deixando as crianças com os avós. Só queriam liberar quem tivesse parente morto. Não concordamos, batemos pé firme, mesmo sabendo que poderíamos sofrer graves conseqüências. Alguns jagunços e PMs chegavam a gritar que “vamos acabar com os homens e, depois, vocês”. Isto depois de terem matado muitos companheiros. Só em Colorado do Oeste, para onde levaram os sobreviventes, nos deixaram num Centro Comunitário, e os homens, na delegacia e num ginásio da cidade. 

Estou lembrando o caso por solicitação do jornal de vocês, que será o primeiro a publicar a verdade, pois não gosto mais de tocar nesse assunto. E, por favor, não põe meu nome”, disse outra sobrevivente. 
"Me aleijaram de tanta pancada" 

Praticamente aleijado pelas pancadas que recebeu e escorando-se até pegar o microfone para protestar, Toinho gritou que “nós não é besta, não. Temos que continuar a luta contra esses poderosos que não querem dividir nada e ficam aí mandando matar inocentes. Temos que ser indenizados e os canalhas colocados na cadeia. Os policiais foram indenizados, mas nós, não. Eu mal posso andar. Onde está a Justiça neste país? Quando nós conseguimos um pedacinho de terra e queremos plantar, o governo nos nega apoio, mas se é o rico, o latifundiário, não falta nada. 

Não nos dão sequer tratamento médico, uma vergonha e ficamos reclamando o tempo todo, sem que nada aconteça. Mas um dia isso terá fim. Estamos nos organizando para isso”, disse José do Campo. 

“Fui massacrado de Corumbiara a Colorado, nu e jogado no chão. Tenho os quadris quebrados até hoje, o que me impede de trabalhar e só me permite fazer tratamento. No hospital de Colorado, um policial quis me matar. Eu era magro e passei a parecer gordo, mas é inchaço das pancadas. É normal a cabeça doer muito. Tem uma companheira, a D. Alzira, que nem está podendo sair de casa, de tanta paulada que atrofiou uma das pernas. Tem companheiro praticamente cego, outros surdos, de tanta pancada que levaram. E teve companheiro, hoje ausente do convívio normal, tamanho o trauma criado, que foi obrigado a comer cérebro. É o Paulo, mais conhecido hoje, por Zé Miolo”. 

Messias levou um tiro no pescoço

Os hospitais de Colorado do Oeste, Cerejeiras e Vilhena estavam lotados de posseiros feridos. Apenas Claudemir Gilberto Ramos foi deslocado do hospital de Vilhena para o hospital em Porto Velho. Claudemir estava correndo risco de vida porque tivera ferimentos muito graves, inclusive traumatismo craniano, resultado do espancamento que sofreu no acampamento por parte de policiais e jagunços. Ele corria ainda o risco de ser assassinado, pois sofreu um atentado quando estava no hospital de Vilhena e outro quando estava em Porto Velho. 

Para aquelas autoridades era considerado ferido o posseiro que apresentasse lesões graves e principalmente ferimentos por projéteis de arma de fogo. Os que estivessem com a mão quebrada, pés feridos, costelas quebradas, hematomas externos, escoriações, mesmo cortes em diversas partes do corpo e até grandes cortes na cabeça não eram considerados como feridos. 

Do lado dos policiais era o contrário, qualquer escoriação era considerado ferimento. 

As notícias de que havia acontecido algo muito sério na Santa Elina começaram a circular no final do dia 9/08 mas só no dia 10/08 é que o Brasil e o mundo se consternaram diante das imagens de Corumbiara. 

Aí vieram as explicações. Todos tentavam explicar o que era inexplicável. 
O governador do Estado Waldir Raup em seus discursos culpou o INCRA pelo massacre e imediatamente atribuiu aos posseiros a responsabilidade por terem emboscado os policiais que estavam cumprindo ordens. O governador foi omisso durante aqueles vinte e quatro dias em que poderia ter interferido e quando o pior aconteceu, tomou a atitude mais cômoda, ou seja, transferiu culpas e responsabilidades. 

Foram as explicações do prefeito de Corumbiara se queixando porque não foi notificado da operação; são explicações do comandante geral da PM dizendo que os policiais foram emboscados e que cumpriram o dever de proteger a propriedade. 
Naquele dia 9 de agosto de 1995 morreram onze pessoas inclusive a pequena Vanessa, de apenas 6 anos que morreu com um tiro pelas costas que lhe trespassou o corpinho. Vanessa foi atingida quando sua mãe corria com ela e o irmãozinho em direção a mata. Corumbiara continuou fazendo vítimas. 

Corumbiara continuou e continua fazendo vítimas Nos casos de violência no campo, o que é mais evidente é que os que praticam todo tipo de violência contra os trabalhadores, contra religiosos, advogados, enfim contra todos os que questionam o latifúndio, é a certeza da impunidade. No caso da Santa Elina não foi diferente, porque Antenor Duarte e o seu capataz José Paulo estão impunes, apesar da ostensiva participação deles em todo o processo que culminou no massacre de Corumbiara. Na investigação dos fatos, pode-se perceber como a justiça ignorou ou desqualificou os depoimentos dos posseiros e de todos que os apoiam, inclusive do Bispo Dom Geraldo Verdier, do padre, dos vizinhos... prevalecendo a voz dos próprios policiais e dos fazendeiros. O massacre de Corumbiara teve repercussões e consequências nacionais e internacionais e é um marco definitivo na história dos quinhentos anos de luta no campo. 

Até hoje tem gente doente, morrendo ou sem poder trabalhar por causa das lesões sofridas. As viúvas e os órfãos estão desamparados. Ainda existe gente desaparecida até hoje. Outra grande vítima de Corumbiara foi o vereador Nelinho, assassinado em dezembro de 1995, depois de ter sofrido muitas ameaças de morte. Os pistoleiros que emboscaram Nelinho foram controlados pelo vereador do PMDB, Percílio. O vereador do PT era filho de camponeses e um defensor de seus pares. 

E no júri popular que aconteceu em Porto Velho no período de 14/08 a 06/09/2000, os sem terra Cícero Pereira Leite Neto e Claudemir Gilberto Ramos foram condenados, mesmo sem provas nos autos. Cícero e Claudemir são mais duas vítimas de Corumbiara e do latifúndio. “

FONTE: http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2011/06/06/escondido-da-justica-e-de-pistoleiros-filho-de-campones-morto-em-rondonia-vive-clandestino-ha-15-anos.jhtm)

Como Assistente Social, Poeta, servidora pública, mulher, cidadã, mãe e avó, preocupam-me muito essa realidade em que pessoas que trabalham na terra, que produzem os alimentos que comemos, não têm condições de fazer seu trabalho e nem ao menos de prover a subsistência de sua família porque os governos todos entram e saem sem promover a reforma agrária, ou seja, distribuição de terras para quem quer trabalhar nela, acabando com as imensas terras que servem a monoculturas de soja, laranjas, etc. (para a exportação) e para o pasto.

A terra é para todos poderem usufruir dos bens que ela pode produzir; nada de plantar apenas uma coisa, mas, sim tudo o que se consome no dia a dia para o saudável desenvolvimento das pessoas.
As pessoas que ocupam terras não são vândalos, bandidos, infratores, meliantes, elas são pessoas que querem ser trabalhadoras da terra. Basta ver os exemplos dos assentamentos , comunidades onde as pessoas vivem, trabalham, estudam, ou seja, levam uma vida sem glamour, mas que lhes dá a certeza de sua dignidade.
 veja como o destino e cruel Adelino foi assassinado 27 de maio 2011 em frente de sua esposa e suas duas filhas de 6 e 4 anos   vendendo verduras para sustentalas , entro nos movimentos lutando por terra e essa luta q levou ele a morte por defender os trabalhadores rurais sem terra e o meio ambiente defendendo a  floresta de ser devastada pelos madeireiros  e os fazendeiros de Rondônia, defendeu de verdade o meio ambiente defendendo a floresta de ser devastada fez o papel do estado
O Que o estado não fazia, Adelino era líder do movimento camponês Corumbiara MCC- movimento este que Adelino ramos e seu filho Claudemir Gilberto ramos foram fundadores em 22 de fevereiro de 1996 juntamente com os sobreviventes do massacre de Corumbiara para dar continuidade à luta dos camponeses sem terra na região de Rondônia e amazonas. Adelino em Corumbiara Também ajudou organizações indígenas de Rondônia a descobrir índios em fazendas da região onde índios foram trazidos para civilização INDIOS ESTES QUE TAMBEM FORAM MASSACRADOS E MORTOS POR FAZENDEIROS DE CORUMBIARA,Adelino morreu deixando um total de 15 mil famílias de sem terras assentadas em todo o estado como nos municípios de Corumbiara,espigão do oeste,pimenta Bueno,Vilhena,Theobrama assentamento palmares,assentamento prima vera,assentamento lagoa nova e outros assentamentos na redondezas que não lembramos o nome,assentamentos no vale do jamari,Colina verde,Ana ri,candeias,Ariquemes,Jaguará mirim,porto velho,região onde foi morto assassinado Adelino Ramos, conhecido com Dinho, foi morto, por volta de 10h, no dia 27 de maio no distrito de Vista Alegre do Abunã, em Porto Velho (RO) líder do Projeto de Assentamento Florestal (PAF) Curuquetê, localizado no município de Lábrea (a 701,62 quilômetros de Manaus)   

                   
Adelino ramos (Dinho) fazia parte por ultimo estava no PCdoB e foi da secretaria agrária de Rondônia na CTB foi candidato a vereador pelo PCdoB em candeias do Jamari                         

Dados eleitorais do candidato Adelino ramos foi candidato a vereador em 2008

Adelino Ramos - O Dinho (2008)


Dados pessoais do candidato

Nome completo:
Adelino Ramos
CPF:
150.681.619-34 *
Data de nascimento:
24/07/1954
Idade ao final de 2008:
54
Município de nascimento:
São João /PR
Nacionalidade:
Brasileira
Município de residência:
Candeias Do Jamari /RO
Sexo:
Masculino
Estado Civil:
Casado(A)
Grau de Instrução:
Ensino Fundamental Completo
Ocupação principal declarada:
Agricultor

Dados eleitorais do candidato

Cargo disputado:
Vereador
Município onde concorre:
Candeias Do Jamari
UF onde concorre:
RO
Nome na urna:
Adelino Ramos - O Dinho
Número eleitoral:
65112
Nome do partido:
Partido Comunista Do Brasil
Sigla/ número do partido:
PC do B /65
Coligação:
Desperta Candeias (PDT / PT / PC do B)
Situação da candidatura:
Deferido

Declaração de bens apresentada à Justiça Eleitoral

Descrição do bem
Valor do bem
Área Rural
R$ 40.000,00
Valor total dos bens declarados:
R$ 40.000,00

ADELINO RAMOS? PRESENTE!!!
A LUTA CONTINUA! VIVA OS CAMPONESES DO BRASIL