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quinta-feira, 26 de abril de 2012

O INSTITUTO INFCAR LANÇA DOIS FILMES DVD



O Judiciário de Rondônia e a qüestão agrária


Nota Pública da Comissão Pastoral da Terra de Rondônia :

Em documento entregue a Eliana Calmon, ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e Corregedora do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em visita de inspeção no Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia, a Comissão Pastoral da Terra de Rondônia tem denunciado a grave situação agrária de Rondônia e atuação de diversos organismos da justiça do estado, que atingem centenas de famílias com uma verdadeira "indústria de liminares" e uma verdadeira "farra imobiliária” das terras públicas no Estado.

Tribunal de Justiça de Rondônia e Comarcas

A maioria dos conflitos agrários são resultado do processo de colonização de Rondônia, atingindo terras inadimplentes, abandonadas ou vendidas de forma irregular pelos beneficiários nos processos de licitação de terras públicas, mantidas em inadimplência e que deveriam ser retomadas e devolvidas ao domínio da União.

Apesar disso são rapidamente deferidas liminares de reintegração de posse contra os pequenos agricultores que nelas moram e trabalham, produzindo alimentos e sem que sejam ouvidos, nem atendida a função social da terra.

As demandas dos movimentos sociais de trabalhadores rurais e sem terra são tratados como uma "questão criminal", inclusive com despejos violentos, destruição de casas e de lavouras, e até cumprindo disposições absurdas, como afastamento do imóvel em conflito e multas que desconsideram a situação de pobreza e de necessidade da maioria das famílias, inclusive sendo detectado exercício tendencioso de alguns Oficiais de Justiça no cumprimento de suas funções.

Raramente é chamado o Ministério Público, como dispõe o art. 82, III, do Código de Processo Civil, em litígios coletivos pela posse da terra rural; sendo que em algumas comarcas o MP também tem tratado os trabalhadores como organizações de criminosos.

Em situações emblemáticas, como os PA do Flor do Amazonas (Candéias do Jamari) a justiça estadual tem ordenado o despejo até de assentados pelo próprio INCRA.

Cartórios de Registro de Imóveis

A grilagem de terras públicas foi acompanhada de verdadeiros empreendimentos para “esquentar” documentações de imóveis públicos e imóveis em estado de inadimplência, uma verdadeira indústria de “legalização” e grilagem de terras. Prova disso são os desencontros de dados sobre o total de terras agrícolas existentes, licitadas e irregularmente registradas, levantados nas duas CPIs da grilagem de terras na Amazônia, que exige uma apuração, investigando a atuação de muitos Cartórios de Registro de imóveis e as devidas responsabilidades.

Justiça Federal

As ações de retomada de imóveis inadimplentes para União, iniciados sobretudo a partir de 2000, em processos movidos pelas Procuradorias do INCRA, passaram a encontrar enormes obstáculos na Justiça Federal. Foram devolvidas a esfera estadual muitas decisões sobre terras da União requeridas pelo INCRA, ainda concentrando em Porto Velho as decisões e provocando atraso do julgamento das causas e excesso de burocracia.

Impunidade.

Resultado de todo o exposto é a consideração de que os pequenos posseiros e agricultores estarem indefesos diante das autoridades policiais e o aparelhamento jurídico do estado, ficando de fato desprotegidos e sem o efetivo usufruto do Estado de Direito.

Isto provoca a desconfiança do povo no judiciário, a radicalização e revolta dos agricultores e de todos aqueles que se veem envolvidos nos conflitos agrários, aumentando a espiral da violência agrária.

E mais ainda, a violência agrária recebe diferente tratamento policial e criminal, em se tratando de posseiros, membros dos sindicatos, membros dos movimentos sociais de um lado e pistoleiros dos fazendeiros e os seus mandantes, de outro.

Destaca a situação indefesa dos ameaçados de morte e vítimas de pistolagem, que tem triplicado no ano de 2011. Das mortes acontecidas os últimos anos de lideranças de pequenos agricultores, todas restam impunes. Somente nestes quatro primeiros meses de

2012 já foram registradas quatro mortes em conflitos agrários ou ambientais.

Depois de duas CPIs sobre à grilagem de terras, espera-se enfim, uma ação concreta sobre a situação, tida até então como “intocável” por parte da ação da sociedade ou dos setores organizados.

Nas mãos de um judiciário justo e imparcial no exercício de sua função está a redução da desigualdade na distribuição da terra, a prevenção e redução das situações de violência agrária que afligem nosso estado de Rondônia, de forma notável no último ano de 2011, no qual triplicou o registro de vítimas de pistolagem.

A CPT RO confia em procedimentos concretos em favor de uma Justiça que realmente cumpra seu papel e de um Poder Judiciário que aja em favor da verdadeira JUSTIÇA.

O que o novo Código Florestal (do comuno ruralista) tem a ver com isso? Tudo! Força Nacional recebe ameaça e recua do sul do Amazonas Por Ana Aranha, Pública


24/04/12
Escolta retira a líder rural que protegia e se retira do local do conflito ao descobrir plano de emboscada. Anistia Internacional lança campanha pedindo medidas urgentes
Depois de passar cinco meses protegendo Nilcilene Miguel de Lima, a equipe da Força de Segurança Nacional se retirou da região do conflito entre madeireiros e lavradores no município de Lábrea, ao sul do Amazonas. A líder rural Nilcilene, ameaçada de morte por denunciar o desmatamento, foi retirada de sua casa por sua escolta e levada para local mantido em sigilo pela força policial do governo federal.
A decisão foi tomada depois que as ameaças se voltaram contra a própria Força Nacional. “Eles descobriram que os pistoleiros estavam armando uma emboscada para matar Nilcilene e os policiais da escolta”, diz Francisneide Lourenço, coordenadora da Comissão Pastoral da Terra do Amazonas. Desde que foi removida de sua casa, Nilcilene perdeu contato com as famílias de sua comunidade, que também estão recebendo ameaças, e não pode dar entrevistas.
Em resposta ao recuo das forças do governo, a Anistia Internacional lançou uma “ação urgente” pedindo providências imediatas ao Ministério da Justiça e governo do Amazonas (leia o texto da ação aqui – em inglês). A ação é uma campanha internacional que convida os  milhares de membros da Anistia no mundo todo a escrever cartas ao governo brasileiro.
A Anistia pede que o governo federal aja para coibir as atividades ilegais de desmatamento e grilagem de terra na região, de modo a preservar a atividade extrativista da população local. E reivindica uma unidade de polícia permanente para o sul de Lábrea e, também, que as ameaças e agressões feitas contra a comunidade sejam investigadas.
“Temos notado que, para o governo, é muito bonito colocar um grupo da Força Nacional por alguns meses no local do conflito. Mas isso não muda nada”, diz Tim Cahill, da Anistia Internacional. “Os crimes devem ser investigados e o local precisa de proteção imediata e permanente”.
Há cerca de 800 famílias vivendo no sul de Lábrea, onde não há energia, telefone ou delegacia. São lavradores, seringueiros e catadores de castanha cadastrados no programa Terra Legal ou moradores dos assentamentos Gedeão e o Curuquetê – cujo líder Adelino Ramos foi assassinado em 2011.
A reportagem de Pública fez uma série de reportagens sobre a violência na região em março desse ano. Uma delas revela que, em pelo menos outras duas ocasiões, o governo federal recuou quando confrontado pelo poder local. Uma funcionária federal já foi agredida pelos pistoleiros e duas coordenadoras de órgãos fundiários sofreram ameaças de morte.
Crime sem castigo
Desde 2007, sete pessoas foram mortas no sul de Lábrea. Todas estavam denunciando os madeireiros e grileiros, mas nenhuma investigação levou a um culpado. O último crime foi contra a trabalhadora Dinhana Nink, 27, assassinada na frente de seu filho de 6 anos no dia 30 de março, em Rondônia.
Dinhana denunciava pessoas ligadas aos madeireiros locais. Antes do crime, ela registrou Boletim de Ocorrência na delegacia de Extrema (Rondônia), dando nome e sobrenome das pessoas que lhe agrediram fisicamente, incendiaram sua casa e lhe ameaçaram de morte.
Quase um mês depois de sua morte, ninguém foi preso. Em ofício enviado à Ouvidoria Agrária Nacional, o delegado de Extrema diz que está “empenhando os esforços possíveis dentro das possibilidades desta delegacia para obtenção de elementos acerca das circunstâncias e autoria do homicídio”.
Procurado pela reportagem, o policial responsável pelo caso, Charles Buton, não pode responder pois estava em Porto Velho consertando uma viatura. A reportagem foi informada de que o delegado também não poderia atender pois o expediente da delegacia encerra às 14 horas.
Leia Também:

Força Nacional recebe ameaça e recua do sul do Amazonas


publicada quarta-feira, 25/04/2012 às 10:51 e atualizada quarta-feira, 25/04/2012 às 18:11
Por Ana Aranha, da Pública
Depois de passar cinco meses protegendo Nilcilene Miguel de Lima, a equipe da Força de Segurança Nacional se retirou da região do conflito entre madeireiros e lavradores no município de Lábrea, ao sul do Amazonas. A líder rural Nilcilene, ameaçada de morte por denunciar o desmatamento, foi retirada de sua casa por sua escolta e levada para local mantido em sigilo pela força policial do governo federal.

A decisão foi tomada depois que as ameaças se voltaram contra a própria Força Nacional. “Eles descobriram que os pistoleiros estavam armando uma emboscada para matar Nilcilene e os policiais da escolta”, diz Francisneide Lourenço, coordenadora da Comissão Pastoral da Terra do Amazonas. Desde que foi removida de sua casa, Nilcilene perdeu contato com as famílias de sua comunidade, que também estão recebendo ameaças, e não pode dar entrevistas.
Em resposta ao recuo das forças do governo, a Anistia Internacional lançou uma “ação urgente” pedindo providências imediatas ao Ministério da Justiça e governo do Amazonas (leia o texto da ação aqui – em inglês). A ação é uma campanha internacional que convida os  milhares de membros da Anistia no mundo todo a escrever cartas ao governo brasileiro.
A Anistia pede que o governo federal aja para coibir as atividades ilegais de desmatamento e grilagem de terra na região, de modo a preservar a atividade extrativista da população local. E reivindica uma unidade de polícia permanente para o sul de Lábrea e, também, que as ameaças e agressões feitas contra a comunidade sejam investigadas.
“Temos notado que, para o governo, é muito bonito colocar um grupo da Força Nacional por alguns meses no local do conflito. Mas isso não muda nada”, diz Tim Cahill, da Anistia Internacional. “Os crimes devem ser investigados e o local precisa de proteção imediata e permanente”.
Há cerca de 800 famílias vivendo no sul de Lábrea, onde não há energia, telefone ou delegacia. São lavradores, seringueiros e catadores de castanha cadastrados no programa Terra Legal ou moradores dos assentamentos Gedeão e o Curuquetê – cujo líder Adelino Ramos foi assassinado em 2011.

A reportagem de Pública fez uma série de reportagens sobre a violência na região em março desse ano. Uma delas revela que, em pelo menos outras duas ocasiões, o governo federal recuou quando confrontado pelo poder local. Uma funcionária federal já foi agredida pelos pistoleiros e duas coordenadoras de órgãos fundiários sofreram ameaças de morte.
 Crime sem castigo
Desde 2007, sete pessoas foram mortas no sul de Lábrea. Todas estavam denunciando os madeireiros e grileiros, mas nenhuma investigação levou a um culpado. O último crime foi contra a trabalhadora Dinhana Nink, 27, assassinada na frente de seu filho de 6 anos no dia 30 de março, em Rondônia.
Dinhana denunciava pessoas ligadas aos madeireiros locais. Antes do crime, ela registrou Boletim de Ocorrência na delegacia de Extrema (Rondônia), dando nome e sobrenome das pessoas que lhe agrediram fisicamente, incendiaram sua casa e lhe ameaçaram de morte.
Quase um mês depois de sua morte, ninguém foi preso. Em ofício enviado à Ouvidoria Agrária Nacional, o delegado de Extrema diz que está “empenhando os esforços possíveis dentro das possibilidades desta delegacia para obtenção de elementos acerca das circunstâncias e autoria do homicídio”.
Procurado pela reportagem, o policial responsável pelo caso, Charles Buton, não pode responder pois estava em Porto Velho consertando uma viatura. A reportagem foi informada de que o delegado também não poderia atender pois o expediente da delegacia encerra às 14 horas.http://www.rodrigovianna.com.br/outras-palavras/forca-nacional-recebe-ameaca-e-recua-do-sul-do-amazonas.html

terça-feira, 17 de abril de 2012

17 de ABRIL DÍA INTERNACIONAL DE LAS LUCHAS CAMPESINAS

17 DE ABRIL DIA MUNDIAL DA LUTA CAMPESINA


En todo el mundo el 17 de abril es el Día Internacional de las Luchas Campesinas, que conmemora la masacre de 19 campesinas y campesinos que luchaban por tierra y justicia en Brasil en 1996. Cada año se celebra este día en todo el mundo, en defensa de las campesinas y los campesinos que luchan por sus derechos.
Em todo o mundo comemora-se o dia 17 de abril como o Dia Internacional das Lutas Campesinas, onde ocorreu o massacre de 19 campesinas e campesinos que lutavam pela terra e justiça no Brasil em 1996. Cada ano é celebrado esta data em todo o mundo, em defesa das campesinas e dos campesinos que lutam por seus direitos.
La Via Campesina realiza un llamamiento a todas y todos sus miembros y aliados, movimientos de pescadores, organizaciones de trabajadores agrícolas, grupos de estudiantes y medioambiente, movimientos a favor de la justicia social, para organizar acciones en todo el mundo el dia 17 de abril para ejercer una masiva demostración de resistencia popular al acaparamiento de tierras y destacar la lucha contra el control corporativo sobre los recursos agrícolas y naturales.
A Via Campesina chama a todos os seus membros e aliados, movimentos de pescadores, organizações de trabalhadores agrícolas, grupos de estudantes e de ambientalistas, movimentos a favor da justiça social, para organizar ações em todo o mundo em 17 de abril, para exercer uma massiva demonstração de resistência popular a acumulação de terras e destaca a luta contra o controle corporativo sobre os recursos agrícolas naturais.
Unámonos y luchemos:
Juntos lutaremos:

-    Para detener el acaparamiento de tierras y reclamar la tierra tomada. ¡La tierra debería estar en manos de quienes la trabajan!
-    Para deter a acumulação de terras e reclamar pela terra tomada. A terra deveria estar nas mãos de quem quer trabalhar (por ela)!

-    Para aplicar una reforma agraria integral a fin de llevar justicia social a las zonas rurales.
-    Para aplicar uma reforma agrária integral a fim de levar a justiça social às zonas rurais.

-    Para acabar con el control de la vida de miles de millones de personas, ejercido por unos pocos inversores y empresas transnacionales.
-    Para acabar com o controle sobre a vida de bilhões de pessoas, exercidos por uns poucos investidores e empresas transnacionais.

-    Para oponernos a los principios de las “inversiones agrícolas responsables” (IAR) propuestas por el Banco Mundial, ya que nunca puede ser “responsable” el hecho de que inversores y empresas acaparen tierras agrícolas.
-    Para impormos os princípios dos “​​investimentos agrícolas responsáveis” propostos pelo Banco Mundial, e que nunca puderam ser “responsáveis” pelo simples fato de que investidores e empresas monopolizam as terras agrícolas.

-    Para reforzar el sistema de producción agrícola basado en la agricultura campesina y la soberanía alimentaria.
-    Para reforçar o sistema de produção agrícola baseado em uma agricultura campesina e de soberania alimentar.

Invitamos a organizaciones, movimientos y agrupaciones y personas a que el 17 de abril organicen una acción directa, una proyección de vídeo, un mercado campesino , una ocupación de tierras, un debate, una protesta, una exposición de arte, o cualquier otra acción que destaque el mismo objetivo.

Convidamos as organizações, movimentos e agrupamentos de pessoas que em 17 de abril organizem uma ação direta, com projeções de vídeos, mercados e feras campesinas, uma ocupação de terras, debates, protestos, exposições de artes, ou qualquer outra ação de destaque com o mesmo objetivo.

ELDORADO DOS CARAJÁS - 16 ANOS DE IMPUNIDADE



No dia 17 de abril de 1996 ocorreu o Massacre de Eldorado dos Carajás contra trabalhadores e trabalhadoras sem-terra na chamada "curva do S", no Sul do Pará. A@s 19 Guerrêr@s Assassinad@s nossa Eterna Homenagem!

"Entre esses muitos jovens, que antes pensavam no futuro
Terminam-se seus sonhos naquela curva da estrada,
Lá na curva do “S” por todos assim chamada,
Oziel Alves Pereira, foi um mártir deste dia tão cruel
Que nos causou tanto pranto, descanse em paz, Oziel.

Altamiro Ricardo da Silva, Antônio Alves da Cruz,
Mais duas vítimas massacradas, Deus mantenha sua luz
Sobre nossos companheiros, tende piedade Jesus.
Antônio Costa Dias e o companheiro Irmão,
Pela manhã eram dois que lutavam por seu pão
Pela tarde mais dois corpos que tombavam pelo chão

Abílio Alves Rabelo, Amâncio Rodrigues dos Santos,
Também mortos neste dia com grande crueldade tiraram a vida de tantos
José Alves da Silva, José Ribamar Alves de Souza,
Que horrível crueldade, que tamanha violência
Onde está a sociedade e a tão falada consciência?

Graciano Olímpio de Souza, João Rodrigues de Araújo
Mortos por tais pessoas de caráter vil e sujo
João Carneiro da Silva, Joaquim Pereira Veras,
Não nos veremos mais, pobres pessoas aquelas
Lourival da Costa Santana, Robson Vitor Sobrinho,
São mais duas vítimas massacradas,
Naquele triste caminho

Leonardo Batista de Almeida, Manoel Gomes de Souza
Onde estão já não sabemos, pois já não os vemos mais,
Esperando por justiça. Podem descansar em Paz.
Valdecir pereira da Silva, Raimundo Lopes Pereira,
lutando pela justiça enfrentando as barreiras
Nós lutamos, é por vocês que seguimos nesta fileira

Até quando juizes e governantes do meu povo
Esta nação tão sofrida almejará um mundo novo
Lutando pela justiça que agora sim está a vista
Trilhando esta triste estrada seguindo este caminho
Contando com companheiros que não nos deixam sozinhos

Nós almejamos um dia, nos orgulhar de poder
Olhar nos horizontes e assim então dizer,
Eis aqui o país do sonho passado,
e enfim, então poder contar com a justiça ao nosso lado.
Policias, homens tão infernais
Que naquele dia tão triste foram capaz
De tirar tantas vidas inocentes e leais
Que lutavam pela terra para a sobrevivência
Mas morreram neste dia de tão cruel violência

Se pensas dragão cruel, tirar nossas esperanças
Massacrando os companheiros e até nossas crianças
Enganam-se infiéis, pois a vida não é tudo o que temos para dar
Pois cada vida tirada é uma vida ocupada que o Brasil então verá
Nossa luta não para, pois sempre haverá alguém
A proclamar este grito de liberdade também

A vitória será nossa, pois já não há quem possa calar a nossa voz
Que sempre iremos gritar
Reforma Agrária Já!!"

(Homenagem do grupo JOCE – Juventude, Ousadia, Coragem e Esperança Assentamento 17 de abril - 1999)

LANÇAMENTO DO LIVRO, CONFLITOS AGRARIOS NO AMAZÔNIA E LIVRO DINHO HERÓI DA AMAZONIA


domingo, 15 de abril de 2012

17 de Abril dia da Luta Campesina Carajás: 16 anos de impunidade












Carajás: 16 anos de impunidade


Por José Coutinho Júnior, Da Página do MST em  5 de abril de 2012

Quando eu morrer

Cansado de guerra

Morro de bem
Com a minha terra:
Cana, caqui
Inhame, abóbora
Onde só vento se semeava outrora
Amplidão, nação, sertão sem fim
Ó Manuel, Miguilim
Vamos embora
(Chico Buarque – Assentamento)



“Morrer de bem com a minha terra”. Infelizmente, muitos sem-terra já morreram sem ter uma terra que possam chamar de sua. O massacre de Eldorado dos Carajás, ocorrido em 1996, na BR 155, sul do Pará, no qual 155 policiais militares utilizaram armas de fogo contra 1500 Sem Terras, entre os quais mulheres e crianças.

A ação da PM assassinou 19 camponeses e expôs para todo o país a questão da violência no campo contra aqueles que lutam pela Reforma Agrária. Até hoje, ninguém foi punido pelo massacre, e os sobreviventes, mutilados tanto física quanto psicologicamente, continuam sem receber a devida assistência médica.


Em 2002, o então presidente Fernando Henrique Cardoso reconheceu o dia 17 de abril como o Dia Internacional de Luta pela Terra. O MST realiza durante o mês de abril jornadas de lutas, com ocupações, marchas e atos pelo país inteiro, para pressionar o governo a priorizar a pauta da Reforma Agrária e honrar a memória daqueles que perderam suas vidas na luta pela terra. 



“Nosso dia de lutas surgiu infelizmente por causa de Eldorado dos Carajás. O latifúndio é inerentemente violento e impede as pessoas de viver e trabalhar no Campo. O que ocorreu em Carajás nos dá força e clareza para lutar, pois enquanto houver latifúndio, a desigualdade, violência e falta de democracia no Campo vão continuar”, acredita Jaime Amorim, dirigente do MST em Pernambuco.



Para Dom Tomás Balduíno, Bispo emérito de Goiás co-fundador da Comissão Pastoral da Terra (CPT), “esse dia lembra a força da caminhada dos trabalhadores do Campo, que se arrasta desde Zumbi dos Palmares até hoje na história do Brasil. A luta pela Reforma Agrária não é questão de conseguir apenas um pedaço de chão, mas de mudar nosso país. A luta é profunda, ampla e de mudanças”.



A terra está ali, diante dos olhos e dos braços, uma imensa metade de um país imenso, mas aquela gente (quantas pessoas ao todo? 15 milhões? mais ainda?) não pode lá entrar para trabalhar, para viver com a dignidade simples que só o trabalho pode conferir, porque os voracíssimos descendentes daqueles homens que primeiro haviam dito: “Esta terra é minha”, e encontraram semelhantes seus bastante ingênuos para acreditar que era suficiente tê-lo dito, esses rodearam a terra de leis que os protegem, de polícias que os guardam, de governos que os representam e defendem, de pistoleiros pagos para matar. (José Saramago)



Dezesseis anos depois do massacre, os conflitos no campo continuam; neste ano, três membros do MLST foram assassinados em Minas Gerais. Já em Pernanbuco, outros dois companheiros do MST foram tombados por balas de pistoleiros nos últimos dias. 



Jaime acredita que hoje a violência contra os assentados está mais seletiva. “Temos dois tipos de violência: a primeira, perpetrada por grandes grupos de fazendeiros atacando lideranças locais, como aconteceu este ano. A segunda é a violência do Estado, que se utiliza do aparato jurídico para impedir as pessoas de olhar para frente e enxergar a perspectiva de uma Reforma Agrária concreta. O fato de que temos muitos acampamentos que já duram 10, 15 anos pela desapropriação do Estado é por si só uma violência”.



Dom Tomás afirma que esta violência ocorre porque “o poder público nega sistematicamente a Reforma Agrária, apoiando o discurso dos grandes fazendeiros e empresas de que ‘o agronegócio é o modelo do progresso’. Tudo que se opõe a este suposto progresso, segundo essa lógica, são obstáculos que devem ser removidos”.



Aliado a isso está o papel da mídia, cujas informações refletem os interesses das elites

alinhadas com o agronegócio. “A imprensa mudou sua postura: antigamente ela criminalizava os movimentos e desqualificava a luta e as lideranças. Hoje, ela tenta ignorar as lutas sociais de sua agenda, e a população, sem informação, se afasta do tema, formulando ideias de que o movimento está desmobilizado ou que a luta pela Reforma Agrária não é mais importante”, analisa o dirigente do MST.

E se, de repente
A gente não sentisse
A dor que a gente finge
E sente
Se, de repente
A gente distraísse
O ferro do suplício
Ao som de uma canção
Então, eu te convidaria
Pra uma fantasia
Do meu violão
(Chico Buarque – Fantasia)



Para que a Reforma Agrária torne-se realidade e a felicidade deixe de ser uma fantasia, é preciso lutar. Jaime afirma que “estamos animados para a jornada de lutas deste ano, pois ela vai ser uma demarcação de força. Estamos construindo uma unidade maior entre unidades e movimentos do campo, pois todos nós temos sido agredidos pelo mesmo aparato. Temos que nos unir para soltar um grande grito pela Reforma Agrária e contra o latifúndio”.


O rio de camponeses se põe novamente em movimento; foices, enxadas e bandeiras se erguem na avalanche incontida das esperanças nesse reencontro com a vida - e o grito reprimido do povo sem-terra ecoa uníssono na claridade do novo dia: "REFORMA AGRÁRIA, UMA LUTA DE TODOS!" (Sebastião Salgado)"



Terra, 15 anos  

Os trechos em negrito e a foto desta matéria foram retirados do livro Terra, que foi lançada há 15 anos. O livro é composto por fotos do fotógrafo Sebastião Salgado sobre a vida dos indígenas e camponeses em um país cuja terra não lhes pertence mais. O prefácio é do escritor José Saramago, e as músicas de Chico Buarque, cujo CD acompanha a obra. Os três juntos constituem a Coleção Terra, criada em 1997. Para Dom Tomás, a arte com foco político se faz fundamental, pois “o povo que luta também celebra, canta, faz seus repentes e trovas. A caminhada do povo é poética, inspirada na mística e profética”.


Jaime avalia que “o MST sempre produziu muito culturalmente, e isto serve de inspiração para quem acompanha o Movimento de fora, como artistas famosos, apoiarem o movimento. Mas os momentos onde a arte está mais próxima da luta política são os momentos de maior mobilização. Arte, cultura e educação caminham lado a lado no movimento”.


Fonte:

Carajás: 16 anos de impunidade | MST - Movimento dos Trabalhadores Sem Terra. Disponível em: http://www.mst.org.br/Eldorado-dos-Carajas-mutilados-continuam-sem-receber-a-devida-assistencia-medica.

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Postado também no Blog  CRABASTOS BRASIL em: http://crabastosbrasil.blogspot.com.br/2012/04/17-de-abril-dia-da-luta-campesina.html